Resenha: Às vezes eu ouço minha voz em silêncio

Título: Às vezes eu ouço minha voz em silêncio
Autora: Puri Matsumoto
Páginas: 122

Sinopse: Uma sereia no poço. Uma garçonete que se envolve no resgate de uma garotinha peculiar. Dois espíritos que dividem o mesmo corpo. Uma moça com coração de hortaliça. Senhoras idosas – e alienígenas – que puxam assunto no meio da rua. Cartas que devoram pessoas. Uma menina que vive em busca da imagem do som. Outra que sobe aos céus com seus balões.
"Às vezes eu ouço minha voz em silêncio" reúne histórias que dialogam com o fantástico, protagonizadas por personagens femininas em busca da própria linguagem. Às voltas com o silêncio, a repressão e a obscuridade, essas mulheres encaram as consequências originadas pela descoberta da própria voz.

"Por mais que não pensemos na liberdade, ela é um desejo que sempre morou na nossa alma"

Às vezes eu ouço minha voz em silencio é um livro de contos escrito pela Priscilla Matsumoto e publicado em 2015. A obra reúne vários contos que dão protagonismo e lança visibilidade para mulheres de forma fantástica. São personagens que representam pessoas que, na vida real, são silenciadas pela sociedade por simplesmente saírem do padrão. 

Os sentimentos se tornam seres e você consegue materializar o que geralmente não conseguimos expressar, isso é o que mais encanta durante a leitura. Os contos trazem personagens independentes, que as vezes não ressaltam o que são, simplesmente existem, outros lidam com a confusão interna que é estar vivo e outros apenas querem ser alguma coisa. São mais de 20 contos, todos bem curtinhos e com certeza você vai se identificar com pelo menos um. 

Dentre as histórias, a minha favorita é intitulada “Amor Fati”, este conto nos traz uma mulher de 40 anos que vive uma rotina sem grandes novidades, até que um dia ela se depara com uma garotinha meio perdida, se escondendo de um homem. E o dia que tinha tudo para ser só mais um, se torna cheio de desafios. A personagem é invadida por dúvidas e pela incerteza do que virá pela frente. O que mais me tocou foi a decisão de sair do comodismo e tentar procurar se conhecer de verdade. Afinal, é isso que nos move, a descoberta do que é estar aqui. 

Eu recomendo demais a leitura desse livro, pois além de ser uma publicação independente, é importante que todos conheçam a pluralidade de escrita, a pluralidade do mundo. Estamos tão acostumados com histórias alinhadas com começo, meio e fim que as vezes é importante nos desafiarmos com histórias que começam pelo fim e com histórias de personagens que você, com certeza, nunca pensou que poderia representar ou existir.

Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos

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A Maldição da Mansão Bly: Perfeitamente Esplêndida (Sem Spoilers)


 "Amar uma pessoa verdadeiramente é aceitar que a dedicação de amá-la vale a dor de perdê-la."

Mike Flanagan tinha a difícil tarefa de superar seu último sucesso na netflix: A Maldição da Residência Hill. Continuando sua coletânea, ele decidiu ir para um caminho diferente e explorar as nuances das clássicas histórias de fantasmas apresentadas em romances góticos como o conhecido Henry James, o autor da obra A Volta do Parafuso, na qual sua nova antologia é baseada. 

The Haunting of Bly Manor veio ao Brasil como A Maldição da Mansão Bly. Essa nova história não está interligada com A Maldição da Residência Hill, então, você pode assistir tranquilo, ok? Pronto para embarcarmos para Londres, mais especificamente para Bly em 1987? 

Nessa nova história conhecemos Dani Clayton (Victoria Pedretti), uma americana que consegue o emprego de au pair de duas crianças órfãs, Miles e Flora, após a trágica morte de seus pais e sua babá anterior. O tio, Henry, se nega a receber atualizações ou notícias do que pode estar acontecendo deixando Dani sozinha na mansão com as crianças, o gentil cozinheiro Owen, a amável governanta Hannah e a quieta jardineira Jamie. 

Flora e Miles se mostram duas crianças extremamente educadas, mas quanto mais os dias passam mais notamos certos comportamentos estranhos. Flora é muito ligada à sua casa de boneca que é uma réplica da mansão, Miles acabou de voltar de um internato sem nenhuma explicação e apresenta comportamentos incomuns para uma criança. 

Peças e peças vão sendo entregues para o espectador fora de contexto e aos poucos, ao longo de nove episódios o quebra cabeça vai se montando para explicar os mistérios, os fantasmas, traumas e a maldição que assola aquele lugar. A série utiliza flashbacks para mostrar o passado dos personagens e como cada fantasma está intimamente ligado a dores do passado e problemas não resolvidos. 

Em comparação ao seriado anterior, A Maldição da Mansão Bly não trabalha com a escalação do terror imediato, aqui a série trabalha com uma atmosfera lenta de antecipação, se movendo entre drama e tragédia. Culmina numa tragédia romântica e trabalha em arestas muito mais profundas em seus temas num episódio que pode muito bem ser um bom exemplo de como fazer histórias de assombração. 

No âmago, a história concentra-se em comparar jornadas de alguns casais para convergir o seu tema entre amor e posse. Tanto o terror quanto o romance são utilizados para isso, a tragédia romântica acompanha o terror e depois de horas de tensão é possível que você termine em lágrimas ou ao menos feliz pela jornada dessas pessoas. 

A trilha sonora e o cenário são um grande destaque que contribuem para atmosfera de inquietude. Assim como o elenco, principalmente as crianças que me deixaram desconfortável em vários momentos aumentando a dúvida de que algo estava errado, algo além da dor da perda dos pais e a ausência do tio. 

A Maldição da Mansão Bly é uma grata surpresa, emocional, romântica e devastadora como uma boa história deve ser. Se você se pergunta se o terror aqui fará você pular da cadeira como na série anterior ou mesmo os filmes de terror que estamos acostumados, a resposta é: não. Mas quem disse que é preciso disso para estar aterrorizado?


Vanessa de Oliveira
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Resenha: A Desconhecida

 Título: A Desconhecida
Autor: Peter Swanson
Editora Novo Conceito
Páginas: 288

Thriller e suspense sempre chamaram minha atenção, amo histórias de detetives e investigações, homens ou mulheres perdidos procurando por resposta, perguntas e mais perguntas que vão te prendendo a cada página, tudo para convergir em emoções de tirar o fôlego. Quando peguei esse livro a sinopse dizia possuir uma história sombria, com atmosfera romântica e um quê de Hitchcock, a verdade é que o livro foi uma decepção e não conseguiu cumprir com o prometido.

A história inicia com o protagonista, George Foss, que aparentemente tem uma vida monótona e problemas com relacionamentos. Numa noite, George vai ao bar de costume com Irena (sua amiga/namorada, um relacionamento mal definido) e parece enxergar uma mulher de seu passado. Alguém que lhe causou problemas quando fez faculdade e a mesma mulher por quem ele se apaixonou e o colocou em várias enrascadas quando era mais novo.

Tendo certeza que não estava louco e nem sofrendo ilusões, George resolve terminar o encontro e depois voltar para o bar. A mulher misteriosa se revela ser a pessoa que ele esperava e tudo que ela precisava era de um pequeno favor de George e esse favor vira toda a vida dele de cabeça para baixo.

O enredo é muito interessante, as cenas de ação e as pessoas que vão surgindo durante a trama realmente são excelentes. Qual o problema do livro? George.

Aos poucos vamos descobrindo como George e  a desconhecida entraram na vida um do outro e como ele se deixava enganar. Não era como se ela precisasse manipular George, ele se diz apaixonado pela mulher, tudo que ela precisava ele fazia sem ao menos questionar, sua vida quando mais jovem se tornou um caos e entrou nos eixos quando ela sumiu sem deixar vestígios.

Quando ela retorna e pede o favor, George novamente não questiona. A única coisa que ele expressa é a "paixão" que sente ao vê-la, o desejo e beleza dela que o desnorteia e isso me incomodou durante toda a leitura. Não é um favor simples nem algo que alguém costumaria pedir e George simplesmente aceita sem questionar.

Inocente ou estúpido. Não é fácil definir qual dos dois termos mais se encaixa no protagonista do livro, é como se ele tivesse deixado o passado e resolvesse acreditar novamente pensando em ter uma chance com a mulher que uma vez ele foi apaixonado.

O livro tem uma escrita fluída e os personagens secundários são excelentes, principalmente a mulher que pede ajuda para George. Ela explora desde sua sensualidade até sua fragilidade para expor acontecimentos e seus desejos, uma perfeita personagem de livros para suspense. Funcionaria melhor em outras narrativas já que nesse com as escolhas de George vários acontecimentos acabam sendo previsíveis ou pouco convincente.



Vanessa de Oliveira
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Resenha: Tudo que Um Geek Deve Saber

 

Título: Tudo que Um Geek Deve Saber
Autor: Ethan Gilsdorf
Editora Novas Ideias
Páginas: 432

Tudo que Um Geek Deve Saber traz em sua premissa a aventura de Ethan Gilsdorf, o autor do livro, para descobrir o que encanta, fascina e mantém por anos o amor de vários geeks por universos imaginários e tudo que compõe o mundo de geeks e nerds.

Depois de perder sua mãe para uma grave doença, Ethan foi apresentado ao mundo do Dungeons & Dragons (também conhecido por D&D) por um vizinho que logo se tornou seu amigo e assim ele teve sua escapatória do mundo real a partir de um jogo de tabuleiro. Fazendo desenhos, criando personagens, passando noites e noites praticando sua imaginação.

Quando Ethan cresce e deixa todo o mundo que aprendeu a amar para trás nossa história realmente começa. Com um relacionamento e um emprego ruim, a fase adulta se torna um período muito complicado na vida de Ethan e ele começa a sentir saudades da época que jogava D&D, mas seus sentimentos se tornam conflituosos entre as coisas que ele costumava gostar e conciliar esse amor com crescer e amadurecer.

Querendo entender a propagação dos geeks e nerds e, porque adultos ainda continuavam viver num mundo imaginário, Ethan embarca numa viagem de redescoberta de si mesmo e por suas paixões. Desde os fãs aficionados por Senhor dos Anéis até o mundo de cosplay acompanhamos Ethan redescobrindo seu amor pelo mundo geek e finalmente compreendendo o que sempre lhe encantou em sua vida.

A diagramação do livro é muito bem feita. Ao começo de cada capitulo temos explicações sobre o jogo Dungeons & Dragons assim como fotos dos dados utilizados no jogo, Ethan também disponibilizou fotos de vários momentos da sua vida e do jogo em si.

Não vejo esse livro como uma exposição do mundo nerd, Ethan propôs em seu livro o que sempre lhe incomodava em relação ao amor que sentia por aquele mundo e a realidade. Sua vida sempre parecia incompleta, mas ele também tinha medo do julgamento da sociedade sobre o mundo que ele sempre amou.

Enquanto viaja e conhece novas pessoas, Ethan começa a se conectar novamente com a pessoa que ele era e compreender melhor que o amor que sente por suas "nerdices" também fazem parte de quem ele é. Não sendo realmente uma biografia e sim um relato, Tudo que Um Geek Deve Saber é um livro sobre conexões e paixões, no caso de um homem embarcando numa grande jornada para compreender suas paixões e descobrir a si.


Vanessa de Oliveira
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6 casais que shippamos e não ficaram juntos - Parte 2

Vocês sabem o que é OTP?

OTP significa One True Pairing ou traduzindo Um Par Verdadeiro. Esse é o casal verdadeiro da série na cabeça do shipper, aquele que ele deseja que termine com um final feliz, isso acontecendo ou não, você pode chamar de OTP qualquer casal que gostar e torcer.

Nem só de romance vive um shipper, dá para torcer pela amizade de dois personagens também. Esses são os friendshippers como acontece com muitos que shippam Chandler e Joey.

Depois de mais uma aula sobre esse verbo maravilhoso criado e dedicado para fãs ficarem por horas em redes sociais. 

Vamos a mais uma lista de casais que torci e não ficaram juntos (PS: como citei séries que gosto pode ser que você receba algum spoiler no texto ou mesmo na imagem, leia por sua conta e risco - a primeira lista está aqui).


Audrey e Duke - Haven

Esse é mais um seriado com triângulo amoroso. Duke aparece no começo como um cara meio malandro, mas quanto mais o conhecemos e quanto mais conhecemos os mistérios que rondam a cidade seu passado e o de Audrey mais vamos conhecendo seu bom coração, sua coragem e a imensa vontade de ajudar os outros. 
Embora Audrey e Duke compartilharam de uma linda amizade, estava claro que ambos se sentiam atraídos um pelo outro, mas Audrey acaba escolhendo o outro lado desse triângulo, Nathan, na qual ela é ligada com os mistérios da série. 



Cal e Gillian - Lie to Me

Cal e Gillian se conheciam muito antes de decidirem trabalhar juntos (são sócios) e embora a personalidade de ambos fazem com que eles briguem de vez em quando é visível em vários episódios o quanto cada um se preocupa um com o outro. Cal tem um jeito muito estranho de demonstrar seu carinho, mas ele sempre tenta do jeito dele estar ao lado de Gillian para apoiar.

Gillian gosta das coisas diretas, trabalho sério e isso é um contraste com Cal, mas não importa qual situação ele se meta, ela é a primeira pessoa a estar do lado dele, a ajudar com a filha, dar conselhos e apoiar e embora Cal assuma que Gillian poderia ser algo a mais, nenhum deles parece dar o primeiro passo.


Chris e Jill - Resident Evil

Mergulhando no mundo dos jogos, Chris e Jill passaram pelo pior juntos, são sobreviventes de Raccon City e suas maiores preocupações é salvar o mundo e um ao outro.

Em Resident Evil 1, Jill é uma novata e é notável como ela e Chris desenvolveram uma amizade rápida e fácil. Em Resident Evil 5, Chris está traumatizado com a possível morte de sua parceira e a quando ele descobre que ela está viva toda sua jornada gira em torno do resgate de Jill mesmo que isso custe o mundo.

O que falar de Resident Evil Revelations, na qual Chris tem uma nova parceira que está caidinha por ele, mas sua única preocupação é encontrar Jill?



Alex e Maggie - Supergirl 

Alex se encontrou e iniciou um romance com Maggie, as duas confiavam uma na outra. Maggie era uma excelente detetive e descobriu facilmente que Kara era a Supergirl. 

Elas tinham um relacionamento saudável e toda magia do primeiro amor, então Alex decidiu pedir Maggie em casamento e ela aceitou. Foi aí que os problemas começaram.

Alex descobre que quer ter filhos e Maggie não. O que gera um conflito no relacionamento e o fim dele também.



Neal e Rebecca - White Collar

Neal namora algumas mulheres durante as 6 temporadas de White Collar, mas é na quinta temporada que ele conhece a doce Rebecca que parece ser a junção de todas as melhores qualidades de suas ex-namoradas. 

Quanto mais eles se afundam nesse relacionamento, mais Neal vai percebendo que talvez Rebecca não seja exatamente o que ele imagina. Rebecca é Rachel Turner e assim como ele tem um pé no crime, só que Neal busca redenção e Rachel não parece estar muito afim disso.

Embora o relacionamento deles não vá pra frente (ela é vilã, gente), fica claro em todo momento que a Rachel aka Rebecca se importa com Neal, o mesmo vale para ele. Os dois poderiam funcionar num outro universo.


Jane e Michael - Jane The Virgin

Jane The Virgin foi dividida por anos entre pessoas que torciam por Michael ou por Rafael. Entre todas as coisas que poderia citar, Michael apresenta uma qualidade que o diferencia da outra escolha de Jane e pelo qual sempre o admirei: respeito. 

Michael não foi só o amor da vida de Jane, mas ele era fortemente ligado a família dela, de respeitar as tradições e os valores de Jane e sua família, ele era o melhor amigo do seu pai, ele foi o cara que falou seu voto em espanhol em respeito as tradições e origem da família de Jane. Embora no começo ele tenha tido receio sobre Mateo, ele cuidou do menino como seu filho, guiou e esteve ao lado da Jane durante a gravidez e seu sonho de ser escritora. Acima de tudo, Michael respeitava a escolha de Jane, seja ela escolhendo estar com ele ou não, sempre dizendo que o que mais importava é que ela fosse feliz. 

Enfim, os dois dividiam os mesmos valores e são um dos meus casais favoritos.



Vocês tem mais casais que shippam e não funcionou? Alguma curiosidade para me contar?
Deixe nos comentários.





Vanessa de Oliveira
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