Resenha: Admirável mundo novo

Título: Admirável mundo novo
Autor: Aldous Huxley
Editora Globo
Páginas: 397

Neste livro a história se passa no ano de 632 d.F (depois de Ford), onde a ciência avança de forma absurda, a ponto das pessoas serem fabricadas em laboratório. O conceito de "pai" e "mãe" não existe mais, é algo ultrapassado e ofensivo. Os novos seres humanos tem seus comportamentos condicionados desde muito pequenos e seguem uma linha de pensamento que convém ao governo totalitário. Essa sociedade distópica é separada por castas: Alfas, Betas, Gamas, Deltas e Ípsilons. Os mais inteligentes, com os melhores cargos, são os Alfas, e o nível vai baixando até chegar nos Ípsilons, classe inferior, ocupada por pessoas em situações de carência, fabricadas para realizar trabalhos braçais. 

A civilização está organizada como o governo quer, não existe mais tristeza e nem exaustão. Se por um acaso algum sentimento negativo ameaça aparecer, ele é eliminado depois de ingerir um comprimido de Soma. Aliás, Soma é uma droga fornecida a todos para que a sociedade não se sinta infeliz e nunca entre em conflito, mantendo cada um no seu devido lugar. Está cansado? Toma soma. Está triste? Toma Soma. As coisas não estão saindo como desejado? Um pouco de Soma pode resolver. E assim, a avançada e tecnológica Londres segue em paz. Porém, há uma pessoa que não se sente tão bem com tudo isso, Bernard. Ele é um Alfa e sabe como o processo de condicionamento funciona dentro daquela sociedade, por isso, raramente toma o famoso comprimido, despertando assim uma consciência da realidade em que vive.

Apesar de se sentir um completo solitário, Bernard encontra companhia em Lenina, mesmo detestando seus comportamentos condicionados. Cansado de toda aquela rotina e depois de muito refletir, ele pede permissão para visitar a Reserva dos Selvagens. Um lugar onde vivem índios que não seguem o padrão de laboratório, pois são concebidos normalmente. Neste lugar distante, Bernard conhece John, um jovem com sangue da sociedade do admirável mundo novo, mas que vive como um selvagem.

Bom, a partir daqui a história recebe algumas reviravoltas e eu vou deixar a leitura para vocês.

Admirável mundo novo foi uma das leituras mais intensas que tive nesses últimos meses, Aldous Huxley cria um universo novo, mas que não está longe de comparações com o nosso atual momento. Nossa sociedade sempre passa por tentativas de controle, e o ponto chave para que uma civilização se condicione a fazer o que um Estado quer é influenciar no acesso ao conhecimento. É o que acontece em Admirável mundo novo, os administradores sabem que para o totalitarismo se manter, as pessoas precisam ser condicionadas a aceitar sua condição. Dessa forma, se cria a ilusão de que tudo está bem do jeito que está.

Nesse "novo normal", nada se recicla, afinal, para que reutilizar algo se eu posso comprar um novo?  Essa é a linha de pensamento imposta pelo totalitarismo. E as castas inferiores são condicionadas a odiar livro e qualquer fonte de conhecimento, pois ler é como perder um tempo que poderia ser gasto trabalhando ou consumindo. Admirável mundo novo não é algo tão distante da gente, assim como aquela civilização busca no Soma um jeito de se sentir em paz, estamos constantemente buscando algo que nos faça esquecer da dura realidade lá fora. E assim como no livro, somos separados por classes, e sabemos que quanto mais embaixo estivermos, menos alcançados seremos pelas políticas públicas.

Esse livro foi lançado em 1932 e se consolidou como um dos maiores clássicos da ficção científica. O autor brinca com diversas referências literárias, além de mexer com o nosso imaginário ao dividir a linha do tempo pelo nascimento de Ford, o fundador da marca de automóvel. Ford é uma espécie de deus neste contexto distópico. Aldous também previu tecnologias que existem hoje, além de nos lançar um olhar de alerta para o que um Estado totalitário pode causar dentro de uma sociedade fragilizada.

Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos

10 comentários:

  1. Oi, Bruna como vai? Li este clássico faz um tempo já. Mas ao ler sua maravilhosa resenha deu vontade de ler novamente o livro. É uma obra bastante complexa para a época em que foi lançada, contudo encaixa-se perfeitamente na sociedade contemporânea, infelizmente. É assustador não é, pensarmos em como a raça humana não consegue evoluir em certos aspectos. Adorei sua resenha, muito bem feita. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Oi, Bruna!
    Como uma boa fã de scifi, já peguei esse livro pra ler uma vez mas na época achei muito pesado! É uma leitura bem densa e difícil de digerir, mas tenho muita vontade de dar mais uma chance pra ela. Adorei a resenha :D

    Estante Bibliográfica

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  3. Meu deus que resenha ótima, eu já quero muito ler esse livro e cada vez que vejo resenhas dele fico com mais vontade! Acho incrível esse tipo de coparação que conseguimos fazer com a nossa realidade atual, o livro parece ser maravilhoso! Estou aguardando pra comprar a versão física dele!
    Beijoss, Blog Seja Agridoce ♥️♥️♥️

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  4. Olá, Bruna.
    Eu sempre vejo o povo citando esse livro junto com Fahrenheit 451 e como li esse ultimo e não gostei, nunca procurei nem saber mais sobre ele. E agora lendo sua resenha eu fiquei morrendo de vontade de ler ele. Vou anotar aqui para não esquecer.

    Prefácio

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  5. Oie, tudo bem?
    Tenho interesse em conferir esse livro, deve ser bem bacana
    Blog Entrelinhas

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  6. Amei a resenha. Nunca li o livro e sou completamente curiosa para ler.
    Comecei a assistir recentemente a série adaptada do livro e gostei bastante.
    beijos
    http://www.dearlytay.com.br/

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  7. Eu sou louca para ler os clássicos da ficção científica. Esse livro está na lista, inclusive. Só de ler sua resenha, já fiquei com coceirinha aqui para pegar o livro para ontem e ler. rsrs Mas vou ser paciente e colocar ele na listinha por enquanto.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  8. Bruna, essas distopias sempre assustam por conta de tanta coisa em comum que vivemos, né? Às vezes, eu acho que os escritores já sabiam de tudo haha. Há um tempinho, eu acho que assisti um filme que lembrou um pouco essa história. Principalmente, na parte do comprimido. Mas não lembro o nome! Enfim, não conhecia esse livro e eu até gosto de alguns do gênero, mas acho que no momento, não sei se embarcaria. Mas vou indicar para o meu namorado, que acho que ele pode gostar bastante. :)

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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  9. Oi Bruna,
    Como eu não sou uma leitora que consome muito ficção científica, eu nunca me interessei muito pela obra, entretanto, por ser um clássico, eu até daria uma chance, mas confesso que não sinto tanta vontade...
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  10. Oi
    esse é um dos clássicos que o pessoal, sempre comentam bem e parece ser uma boa leitura, porém complexa.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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