Título: O feminismo é para todo mundo - políticas arrebatadoras
Autora: bell hooks
Editora Rosa dos Tempos
Páginas: 175
"O feminismo é para todo mundo" foi mais um dos livros que li para a maratona literária #PRETATONA. Seguindo a ideia do título, bell hooks tenta nos dar uma narrativa mais acessível sobre o que é feminismo e a importância de levarmos suas políticas a sério. A obra foi originalmente publicada em 2000 e depois relançada em 2018, aqui no Brasil o livro é traduzido pela Ana Luiza Libânio e lançado pela Editora Rosa dos Tempos.
A autora fala sobre cada ponto em que o feminismo toca em nossas vidas. A proposta é clara: todos precisam entender o verdadeiro feminismo para que se juntem ao movimento. Mas como fazer a mensagem chegar em todos? Ela inicia o livro dizendo que uma revolução feminista não se faz sozinha e pontua a necessidade de acabar com o racismo, elitismo e o imperialismo. Dessa forma, homens e mulheres poderão criar um espaço unido.
Nos primeiros parágrafos, bell fala sobre a confusão das pessoas ao definirem o feminismo. Tudo o que diziam era uma reprodução do discurso da mídia patriarcal, principalmente a falsa mensagem de que o feminismo é um movimento anti-homem. O apagamento de mulheres não brancas dentro do movimento também é bastante colocado durante a narrativa. Mesmo mulheres negras atuando como revolucionárias e aliadas da luta, elas não eram vistas como líderes.
O livro foi se desenrolando de forma fácil durante a minha leitura, hooks cita suas vivências para exemplificar grande parte da teoria feminista que ela expõe na obra. Isso para mim é fantástico, pois deixa evidente que ela sabe do que está falando, pois vivenciou grande parte dessas experiências.
Ainda no primeiro capítulo, bell hooks faz uma diferenciação entre pensamento revolucionário e o pensamento reformista. O pensamento revolucionário se tornou popular no meio acadêmico e por causa da linguagem difícil não saiu da bolha dos letrados. Uma pena na época, pois esses trabalhos ofereciam uma visão libertadora da transformação feminista e não recebia tanta atenção da imprensa, pois a mesma focou suas energias em falar apenas de igualdade de gênero no mercado de trabalho, esquecendo de dialogar sobre a desigualdade de classe.
Por outro lado, o feminismo na academia permitiu que pensadoras e escritoras ganhassem nota, como por exemplo, Toni Morrison, que não era muito lida na época, mas bell pôde usá-la como referência em seus trabalhos. O problema mesmo, como já disse ali em cima, foi quando a linguagem da teoria começou a ficar restrita ao grupo acadêmico. As ideias eram visionárias, porém, não alcançavam as pessoas do lado de fora, o que, de certa forma, enfraquecia o movimento.
bell hooks também reforça que o feminismo precisa ser presente em nosso dia a dia, para que essas práticas sejam naturalizadas. É preciso ter mais estudos feministas nas coisas que lemos, ouvimos e assistimos. Principalmente na educação infantil, escola e faculdade. Mas não pense que a autora ficou só nisso, ela escreveu com profundidade ao falar que uma pessoa feminista precisa entender o direito reprodutivo da mulher. Mais do que pedir a legalização do aborto, bell explica o porque precisamos dar condições para mulheres escolherem se querem ou não ter filhos.
"Se educação sexual, medicina preventiva e fácil acesso a métodos contraceptivos forem oferecidos para todas as mulheres, menos de nós teremos gravidez indesejada", ou seja, se a educação sexual de mulheres, ricas ou pobres, fossem uma das prioridades de nossos governantes, menos mulheres ficariam grávidas e menos abortos aconteceriam. É simples. Direito reprodutivo é uma questão de saúde pública, é necessário criar mais políticas que visam proteger a mulher de riscos.
No capitulo "Beleza por dentro e por fora", bell inicia lembrando de que as mulheres, jovens ou mais velhas, são socializadas para acreditarem que o nosso valor está na aparência, e esse é mais um pensamento sexista.
A revolução na industria da moda, saúde e beleza se deu a partir da luta feminista. No movimento existem mulheres de todos os estilos e gosto, o capitalismo precisou se adequar a isso. Grandes marcas precisam se adequar a essas mudanças ou podem perder para as mulheres que criam seus próprios produtos. É nesta parte que entendemos que as mulheres feministas precisam ocupar todos os espaços, para que sempre tenhamos alternativas. Assim, o movimento se fortifica e mulheres podem continuar consumindo produtos sem praticar o auto-ódio.
Há assuntos neste livro que ainda não foram explorados de forma correta dentro da mídia de massa e que seria bastante interessante que mais pessoas falassem sobre. Como por exemplo, os relacionamentos abusivos entre pais e filhos. Quando bell fala que mulheres também podem ser sexistas e abusivas, é algo certeiro, pois a mídia sempre menciona a desigualdade de gênero e/ou coloca a mulher como sexo frágil, sendo que há muitas mulheres que praticam atos de violência e são sexistas com outras mulheres. Abrir essa discussão nas rodas de conversa abre caminhos para criarmos uma comunidade mais amorosa e mais ciente de seus direitos e deveres.
O progresso no movimento feminista permitiu que as pessoas se atentassem ao fato de que violência doméstica também acontecia em relacionamentos homo afetivos e contra crianças. Focar apenas na violência contra mulher não ajuda o movimento a progredir porque é preciso acabar com TODAS as estruturas de violência. Mulheres também podem ser violentas e perpetuar esses comportamentos através de seus filhos. A partir do momento em que aceitamos o nosso papel dentro desses problemas, conseguimos acabar com eles.
Aqui nesta resenha eu digitei e digitei, mas ainda não falei nem metade da mensagem de bell hooks em "O feminismo é para todo mundo". Recomendo que vocês leiam também para espalhar a mensagem de forma ainda mais acessível. A autora recomenda que façamos como as pessoas que saem batendo nas portas para falar de religião, que possamos dar essa mesma importância ao movimento para que a convivência entre nós melhore.
Ainda que a intenção da autora seja trazer uma linguagem fácil para o seu livro, acredito que ele ainda não é o ideal para alcançar as pessoas de todas as classes. O trabalho ainda é longo. Façam resenhas nos blogs, espalhem folhetos, discuta em seu canal no YouTube e reflita suas atitudes no dia a dia. Deixe que as pessoas perguntem sobre essas perspectivas.
E isso não é só para as mulheres cis, é para homens cis e LGBTQI+ também, apesar da bell hooks não falar de pessoas trans no livro (é algo para se discutir), a proposta serve para todos. Desde o início, o movimento feminista deveria ter trabalhado com alternativas que incluísse o papel do homem na luta contra o sexismo, porém a mídia focou no pequeno grupo anti-homem e só enfraqueceu os ideais revolucionários que beneficiaria todo mundo. Precisamos reverter essa situação!
Assim como ficou claro para mim, eu espero que também fique para vocês: O FEMINISMO É PARA TODO MUNDO.
Nos primeiros parágrafos, bell fala sobre a confusão das pessoas ao definirem o feminismo. Tudo o que diziam era uma reprodução do discurso da mídia patriarcal, principalmente a falsa mensagem de que o feminismo é um movimento anti-homem. O apagamento de mulheres não brancas dentro do movimento também é bastante colocado durante a narrativa. Mesmo mulheres negras atuando como revolucionárias e aliadas da luta, elas não eram vistas como líderes.
"Estava claro para as mulheres negras que jamais alcançariam a igualdade dentro do patriarcado capitalista de supremacia branca existente"
O livro foi se desenrolando de forma fácil durante a minha leitura, hooks cita suas vivências para exemplificar grande parte da teoria feminista que ela expõe na obra. Isso para mim é fantástico, pois deixa evidente que ela sabe do que está falando, pois vivenciou grande parte dessas experiências.
Ainda no primeiro capítulo, bell hooks faz uma diferenciação entre pensamento revolucionário e o pensamento reformista. O pensamento revolucionário se tornou popular no meio acadêmico e por causa da linguagem difícil não saiu da bolha dos letrados. Uma pena na época, pois esses trabalhos ofereciam uma visão libertadora da transformação feminista e não recebia tanta atenção da imprensa, pois a mesma focou suas energias em falar apenas de igualdade de gênero no mercado de trabalho, esquecendo de dialogar sobre a desigualdade de classe.
Por outro lado, o feminismo na academia permitiu que pensadoras e escritoras ganhassem nota, como por exemplo, Toni Morrison, que não era muito lida na época, mas bell pôde usá-la como referência em seus trabalhos. O problema mesmo, como já disse ali em cima, foi quando a linguagem da teoria começou a ficar restrita ao grupo acadêmico. As ideias eram visionárias, porém, não alcançavam as pessoas do lado de fora, o que, de certa forma, enfraquecia o movimento.
"Ensinar pensamento e teoria feminista para todo mundo significa que precisamos alcançar além da palavra acadêmica e até mesmo da palavra escrita"
bell hooks também reforça que o feminismo precisa ser presente em nosso dia a dia, para que essas práticas sejam naturalizadas. É preciso ter mais estudos feministas nas coisas que lemos, ouvimos e assistimos. Principalmente na educação infantil, escola e faculdade. Mas não pense que a autora ficou só nisso, ela escreveu com profundidade ao falar que uma pessoa feminista precisa entender o direito reprodutivo da mulher. Mais do que pedir a legalização do aborto, bell explica o porque precisamos dar condições para mulheres escolherem se querem ou não ter filhos.
"Se educação sexual, medicina preventiva e fácil acesso a métodos contraceptivos forem oferecidos para todas as mulheres, menos de nós teremos gravidez indesejada", ou seja, se a educação sexual de mulheres, ricas ou pobres, fossem uma das prioridades de nossos governantes, menos mulheres ficariam grávidas e menos abortos aconteceriam. É simples. Direito reprodutivo é uma questão de saúde pública, é necessário criar mais políticas que visam proteger a mulher de riscos.
No capitulo "Beleza por dentro e por fora", bell inicia lembrando de que as mulheres, jovens ou mais velhas, são socializadas para acreditarem que o nosso valor está na aparência, e esse é mais um pensamento sexista.
"A revolução do vestuário e do corpo criada pelas intervenções feministas fez com que mulheres aprendessem que nossa carne merecia amor e adoração em seu estado natural"
A revolução na industria da moda, saúde e beleza se deu a partir da luta feminista. No movimento existem mulheres de todos os estilos e gosto, o capitalismo precisou se adequar a isso. Grandes marcas precisam se adequar a essas mudanças ou podem perder para as mulheres que criam seus próprios produtos. É nesta parte que entendemos que as mulheres feministas precisam ocupar todos os espaços, para que sempre tenhamos alternativas. Assim, o movimento se fortifica e mulheres podem continuar consumindo produtos sem praticar o auto-ódio.
"Criticar imagens sexistas sem oferecer alternativas é uma intervenção incompleta"
O progresso no movimento feminista permitiu que as pessoas se atentassem ao fato de que violência doméstica também acontecia em relacionamentos homo afetivos e contra crianças. Focar apenas na violência contra mulher não ajuda o movimento a progredir porque é preciso acabar com TODAS as estruturas de violência. Mulheres também podem ser violentas e perpetuar esses comportamentos através de seus filhos. A partir do momento em que aceitamos o nosso papel dentro desses problemas, conseguimos acabar com eles.
"A violência patriarcal em casa é baseada na crença de que só é aceitável que um indivíduo mais poderoso controle outros por meio de várias formas de força coercitiva"
Ainda que a intenção da autora seja trazer uma linguagem fácil para o seu livro, acredito que ele ainda não é o ideal para alcançar as pessoas de todas as classes. O trabalho ainda é longo. Façam resenhas nos blogs, espalhem folhetos, discuta em seu canal no YouTube e reflita suas atitudes no dia a dia. Deixe que as pessoas perguntem sobre essas perspectivas.
E isso não é só para as mulheres cis, é para homens cis e LGBTQI+ também, apesar da bell hooks não falar de pessoas trans no livro (é algo para se discutir), a proposta serve para todos. Desde o início, o movimento feminista deveria ter trabalhado com alternativas que incluísse o papel do homem na luta contra o sexismo, porém a mídia focou no pequeno grupo anti-homem e só enfraqueceu os ideais revolucionários que beneficiaria todo mundo. Precisamos reverter essa situação!
Assim como ficou claro para mim, eu espero que também fique para vocês: O FEMINISMO É PARA TODO MUNDO.
Bruna Domingos
Simplesmente adoro quando obras assim são resenhadas e divulgadas. Infelizmente muitos têm uma visão ridiculamente deturpada sobre o que é feminismo então é importante que todos entendam a mensagem da forma correta, ainda mais porque pelo que tu disse, a autora tem total convicção sobre o que diz.
ResponderExcluirAbraço! ♥
Larissa
Blog "Parágrafo Cult"
Oi, Bruna como vai? Livros assim precisam e devem ser lidos por todos. Quanto maior a divulgação, consequentemente maior será o número de leitores que virão ler a obra. Sua resenha ficou espetacular, parabéns! Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Oi, Bruna!
ResponderExcluirEu leio tanta ficção, que às vezes esqueço que os livros não fictícios podem trazer leituras igualmente maravilhosas!
Só pelo título já tinha me interessado, e sua resenha contribui bastante para isso!
Vou salvar a dica :D
Estante Bibliográfica
Esse livro me pareceu bem didático, do tipo que é necessário ler e refletir, e sem dúvida, depois de lê-lo é possível transformar a sua própria maneira de pensar.
ResponderExcluirBlog Apenas Leite e Pimenta ♥
Adorei a dica, já quero conferir!
ResponderExcluirBlog Entrelinhas
Olá, Bruna.
ResponderExcluirAntes de mais nada parabéns pela resenha. Que resenha! Eu estou cansada de ver mulheres que se opõem ao feminismo acredito que porque não saber o que é. Uns tempos atrás fiquei de cara ao entrar em um blog que eu frequentava há anos e dei de cara com uma postagem da blogueira falando o porque não era feminista. A ideia estava toda errada. E o pior foi ver que muita gente estava comentando que concordava com ela. É preciso mais livros assim e de nós nos posicionarmos e fazer a mensagem chegar até todos.
Prefácio
Acho muito válida as leituras como essa. Pois como a própria autora falou, o que muitas pessoas falam sobre feminismo, na verdade é algo que aprenderam no patriarcado, então, não é correto, ou está distorcido.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro mas parece ser ótimo.
www.vivendosentimentos.com.br
"O feminismo é para todo mundo!" E é mesmo! Eu amei essa dica de leitura e vou até furar a promessa que eu tinha de não comprar livros esse ano, pois esse livro tem que entrar na minha estante. É um livro necessário nos dias de hoje e além. E ela tocou num assunto que dói, mas é verdade, que até mulheres podem ser violentas e sexistas, mas ninguém pensa nisso.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
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Oi Bruna,
ResponderExcluirQue senhora resenha! Um livro, uma resenha necessária.
Gostei bastante da proposta da obra e precisamos levantar cada vez mais essa bandeira feminista, porque ainda tem gente que não sabe o verdadeiro significado da palavra e o quanto lutar por direitos iguais é importante.
beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Oi Bru, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei o seu texto! Esse livro está na minha wishlist de leitura e já deu pra ver o quão importante ele é. E é fundamental que a discussão permeie raça e classe, porque olhar só pro feminismo branco classe média não adianta, é raso demais (e muitas vezes engolido pelo capitalismo e patriarcado com uma falsa ideia "girl power").
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas