TÃtulo: Na hora da virada
Autora: Angie Thomas
Editora Galera Record
Páginas: 377
Na Hora Da Virada é o segundo lançamento da escritora Angie Thomas, conhecida pelo sucesso de O ódio que você semeia. Nesta obra, a tradução é da Regiane Winarski e a publicação é da Editora Galera Record, a mesma que publicou o primeiro livro.
Aqui conhecemos a Brianna Jackson, uma aspirante a rapper que vive no Garden Heights com a mãe, Jay, e o irmão, Trey. O pai de Bri, chamado de Li'l Law, foi assassinado quando ela ainda era pequena, e as suas lembranças dele não passam de borrões. Tudo o que ela sabe é o que contam para ela: um cantor de rap bastante respeitado ali no bairro e foi executado por causa de uma briga de gangues. Ele não fazia parte de nenhuma delas, mas pagou o preço por andar com essas pessoas.
O livro inicia com a nossa protagonista aguardando uma ligação importante do DJ Hype, ele é quem pode dar uma oportunidade para ela participar de uma batalha de rimas no Ringue. Se tudo der certo, o nome de Bri pode se tornar conhecido.
"Tia Pooh disse que só tenho uma chance de contar a Deus e o mundo quem sou eu"
Além do racismo cometido pelo Estado dentro da periferia onde mora, Bri precisa lidar com o preconceito dos seguranças e funcionários da escola em que estuda. Ter que lidar com os estereótipos é algo muito marcante na narrativa, pois isso atrapalha Brianna a se encontrar e a encontrar sua verdadeira voz. Diferente de Starr no primeiro livro, Angie traz uma personagem mais impulsiva em Na Hora da Virada. Ela é do tipo que não ouve calada, o que não é problema, porque é assim que temos que reagir quando as pessoas demonstram falta de compreensão e respeito conosco. Porém, uma resposta que parece simples na boca de qualquer pessoa branca, se torna uma ofensa quando sai da boca de Bri, e constantemente ela precisa lidar com os falsos julgamentos que fazem contra ela.
Existem várias problemáticas que o livro permite abrir discussões, podemos começar pelo fato de como o Estado marginaliza uma comunidade para alimentar o sistema carcerário e eliminar pessoas negras. A gente percebe que o clima de tensão entre o Garden e a polÃcia não mudou desde a morte de Khalil (é importante deixar claro que essa obra não é uma continuação de O ódio que você semeia, muito pelo contrário, nenhum personagem se conhece aqui. Mas as histórias acontecem no mesmo bairro, então, vez ou outra você encontrará uma referência relacionada a morte de Khalil e o assédio policial).
O tráfico de drogas é abordado no livro partindo do olhar de quem vive dentro da periferia. O problema da educação na escola do bairro continua, e se não tem educação, obviamente que o mundo do crime acolherá pessoas que estão na margem. É um ciclo vicioso que a gente sabe que governo nenhum vai acabar com isso de fato. É necessária muita luta do povo negro e aliados.
Ainda falando sobre drogas, temos a história sensÃvel de Jay, mãe da Bri. Depois de ter o marido assassinado, ela entra para o mundo das drogas e se afunda completamente. Quando o livro inicia, Jay já está limpa há 8 anos, mas durante a narrativa, Bri vai recordando esses acontecimentos. O que nos leva a um ponto importante: o preconceito contra pessoas que já foram usuárias de drogas ilÃcitas. Vocês entendem quando eu digo que o Estado e a sociedade alimentam o sistema carcerário? Quando a sociedade fecha as portas para pessoas como a mãe da Bri, a saÃda de muitas delas é voltar para as drogas ou entrar no mundo do crime. Não é o que acontece com Jay, porque ela encontra força em seus filhos, mas a tia Pooh, irmã de Jay, passa por situações que a levam a fazer parte de uma gangue e isso traz muitos problemas.
Neste livro, muito além de falar sobre a violência policial, Angie aborda a desigualdade de classe, relacionamento familiar conturbado, aborda relacionamento homoafetivo e fala sobre como é a indústria do rap. Que por mais que seja um gênero da cultura negra e periférica, são homens brancos que determinam o que será sucesso e o que não será. Sem contar a constante tentativa dessa mesma indústria de calar vozes que tem MUITO a nos dizer.
Bri passa por um processo de descoberta, o rap será a sua forma de denunciar o racismo e de tirar sua famÃlia da dificuldade financeira. Isso pode lhe custar algumas coisas, depois de estourar na internet, Bri vai precisar lidar com a má interpretação das pessoas em relação as suas respostas cirúrgicas à quilo que tira sua paz e tira a possibilidade de pessoas negras saÃrem da margem.
"Mas nunca vão me silenciar. Tenho coisas demais pra falar"
Com uma linguagem jovem e cativante, Na Hora da Virada é importantÃssimo para mostrar como funciona o racismo e suas estruturas. Não tem como não se sentir tocado com as palavras de Bri, com seus versos impactantes e com seu olhar sobre o mundo. A gente acompanha a caminhada de uma jovem que está descobrindo o peso de fazer parte da minoria marginalizada até a descoberta do seu poder de voz. Ela incomoda, traz desconforto para aqueles que não aceitaram seu lugar de privilégio em uma sociedade racista.
Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos
Oi Bru, tudo bem?
ResponderExcluirEu fiquei muito curiosa com esse livro. Cresci na periferia e vi acontecerem muitas das situações que você descreveu, ainda que não comigo - afinal, sendo branca, sempre pude contar com esses privilégios. Esse livro parece uma obra que todo mundo deveria ler, por trazer temas que normalmente as pessoas não enxergam dentro da sua bolha.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Oi Bruna, tudo bem? Eu confesso que no começo tive dificuldade com as gÃrias musicais, mas depois fui no embalo e deverei a leitura! Eu amei demais o tema abordado e como a autora conseguiu explorar bem!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi, Bruna como vai? Que livro essencial, todo leitor precisa de uma leitura deste tipo, para explicitar a situação real de quem vive nas periferias. É um livro que pretendo ler futuramente. Amei sua resenha, parabéns. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Oi Bruna,
ResponderExcluirEu tenho muita vontade de ler esse livro, acho que ele é muito importante, pois traz temas essenciais e que todos deveriam ler. Amei a resenha, e me deixou com ainda mais vontade de ler o livro.
Bjssss
https://pensamentossoavento.blogspot.com/
Oi, Bruna!
ResponderExcluirque resenha mais linda!
Acho importante apresentar livros tão contundentes como esse ao maior número possÃvel de leitores. Falar sobre o racismo ajuda a na construção de uma sociedade antirracista. :)
Um beijo,
Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
Algumas Observações
Projeto Escrita Criativa
Meu Deus, esse livro parece ser incrÃvel.
ResponderExcluirNunca ouvi falar da autora, mas já entrou na minha listinha.
Beijinhos,
Renata
Li esse ano essa história e gostei muito. Bri é diferente da Starr, mas é tão importante quanto. Sua voz diz tudo e me ensinou bastante! E acho que a base familiar faz toda a diferença. E, apesar de toda turbulência, acho que a famÃlia fez a diferença. Enfim, um livro que todo mundo deveria embarcar! Adorei a resenha e quem sabe sai um filme da Bri também, né? :)
ResponderExcluirBeijos, Carol
www.pequenajornalista.com
Oi, Bruna!
ResponderExcluirTenho muita vontade de ler O Ódio que Você Semeia, mas ainda não tive a oportunidade. Vou providenciar essa leitura o mais breve possÃvel :)
Eu adorei a indicação, principalmente por abordar temas reais e extremamente necessários. A luta contra o racismo não pode parar nunca, e quanto mais conhecimento obtivermos sobre ela é melhor.
A resenha ficou linda!
Estante Bibliográfica
Oi
ResponderExcluireu já li o outro livro da autora e gostei muito, mexeu comigo quando li, quero muito ler esse também ainda mais pelas discussões levantadas no livro, ficou ótima a resenha.
http://momentocrivelli.blogspot.com/
Acho interessantÃssimo livros que trazem reflexões, principalmente quando se trata de questões raciais ou sociais. Já havia lido algumas resenhas sobre esse livro e ele segue na minha wishlist.
ResponderExcluirBeijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥
Oi Bruna,
ResponderExcluirGanhei esse e-book no Mochilão Virtural da Record e já estou me programando para ler.
Meu primeiro contato com a autora foi bem positivo e acho que terei muitas reflexões necessárias nessa leitura, afinal, racismo não é meu lugar de fala e informação e respeito nunca são demais.
beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Olá, Bruna.
ResponderExcluirEspero que a autora continue escrevendo mais livros assim. Porque são necessários. Eu gostei dos dois livros da mesma maneira, e não concordo com quem criticou a Bri. Na época que li ele estava passando uma temporada da Malhação onde tinha uma personagem muito parecido com ela e eu só consegua ver ela quando lia hehe.
Prefácio
É uma ótima dica de leitura, e bastante necessária. Eu sou curiosa para ler os livros dessa autora e acho que vou começar por livro, que tem uma linguagem mais simples.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
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É muito interessante lermos essas narrativas que nos trazem mais do racismo, até para tomarmos consciência de muitas coisas que as pessoas negras passam e a gente nem faz ideia.
ResponderExcluirwww.vivendosentimentos.com.br
Olá!
ResponderExcluirJá preciso desse livro na minha mesa o mais rápido possÃvel. Eu amei tudo sobre esse livro, tipo, tudo. Obrigada demais pela dica. Já estou seguindo para não perder nada.
Beijão!
Lumusiando