Título: O sol é para todos
Autora: Harper Lee
Editora José Olympio
Páginas: 349
Em um ambiente pacato, na cidade fictícia chamada Maycomb, no Alabama (EUA), Scout e o irmão Jem, junto com o melhor amigo deles, Dill, vivem uma rotina de ir para escola, brincar e planejar travessuras na vizinhança. Mas, o que mais chamava a atenção dos três era o vizinho Boo Radley, pois ele nunca saía de casa. Então, boa parte das encrencas que eles arrumavam envolvia a tentativa de fazer Boo dar as caras na rua.
Na escola, Scout sofria, não só na relação entre os colegas de sala, mas também na relação com sua professora. Atticus alfabetizou o seus filhos muito cedo, mas na escola a professora não admitia a precocidade de Scout e sempre a repreendia quando a mesma tentava se mostrar mais esperta que a turma.
Quando Atticus aceitou defender Tom Robinson, um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca, as coisas ficaram mais complicadas para essa família. Scout e Jem começaram a sofrer ataques dos colegas e a receberem olhares desagradáveis da vizinhança. Foi então que Scout começou a entender como funcionava o racismo e a intolerância perante as diferenças.
Durante a narrativa a gente percebe o amadurecimento dos personagens, e com isso, a história vai ficando cada vez mais pesada. Fica óbvio para nós que Tom é inocente, não vou entrar nos detalhes do ocorrido, mas provar a inocência diante de uma sociedade racista vai ser um trabalho árduo para Atticus Finch.
O sol é para todos é um clássico americano publicado em 1960 que, além de vencer vários prêmios literários, também ganhou uma adaptação no cinema em 1963. O livro também pode ser interessante para os estudantes de direito, pois o julgamento narrado pela protagonista é um dos momentos mais marcantes da história. Os detalhes na defesa de Atticus e suas argumentações são momentos cativantes.
Sempre que indico esse livro, eu gosto de ressaltar a leveza na escrita de Harper, a forma como ela desenvolve a mente de uma criança dentro da narrativa é particular e crível. Imagina ler mais 300 páginas narrada por uma criança? Acredito que tenha sido um desafio escrever, pois foi um desafio mergulhar nessa leitura. A curiosidade de Scout me lembrou a infância e como tudo parece novo, no momento em que ela começa a questionar as situações desumanas, fiquei tentando lembrar o momento em que viver em sociedade começou a ficar complicado para mim (no sentido de lidar com as diferenças e o racismo).
O momento em que Scout e Jem conhecem o bairro onde só moram pessoas pretas também é relevante, o contraste e a desigualdade social ganham espaço nessa narrativa. E juntando todas essas situações, Scout começa a se perguntar: como pode alguém se sentir no direito de subjugar o outro pelo simples fato de ser quem é? Aos poucos Scout começa a ver que tudo bem Boo Radley não ser sociável, é preciso abrir a mente para entender que cada indivíduo tem suas vivências. É um grande passo para o amadurecimento dela e de seu irmão.
Este livro é essencial e deveria ser lido por muitos, se você ainda não leu, te convido a se aventurar na mente de Louise Finch.
Este livro é essencial e deveria ser lido por muitos, se você ainda não leu, te convido a se aventurar na mente de Louise Finch.
Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos