Resenha: As Batidas Perdidas do Coração

Título: As Batidas Perdidas do Coração
Autora: Bianca Briones
Editora Verus
Páginas: 406


Esse é o primeiro livro da série Batidas Perdidas da autora nacional Bianca Briones e o que posso dizer é que sinto uma mistura de choro, reflexão e sorrisos ao terminar esse livro. Trata-se de uma história de amor cheia de complicações que envolve perdas, violência, drogas e problemas.

A história se inicia realmente no ponto em que os dois protagonistas perdem alguém importante. Viviane acaba de perder o pai para o câncer e Rafael perdeu quatro pessoas de sua família, inclusive sua irmã e os pais de seu primo, Lucas. Perder alguém é algo que devasta totalmente as pessoas ligadas a você e é assim que os personagens de As Batidas Perdidas do Coração iniciam sua jornada.

Numa perda.

Quando Rafael vai buscar seu primo Lucas num grupo de apoio, ele se encontra com Viviane. A garota lhe critica por fumar e eles trocam farpas até Rafael tocar na ferida dela, a morte do seu pai e assim rola seu primeiro desentendimento, os dois não esperavam que Lucas e Rodrigo, irmão de Viviane, fossem formar uma amizade.

A amizade desses dois fazem com que aos poucos Rafael e Viviane se aproximem e se inicia uma história de amor sexy, engraçada e despojada que se inicia pela ligação de dois corações feridos. 

Rafael é tatuado, pobre, sexy e trabalha num bar. Viviane é rica, bonita e sempre teve tudo o que precisava e esses dois opostos se chocam com uma força tão grande que o livro deixa você pedindo por mais, mas não é só amor que contém essa história, Rafael abusa de álcool e utiliza drogas.

Mas quando os fantasmas de Rafael assombram esse relacionamento essa história toma uma direção inesperada e tudo muda.

As Batidas Perdidas do Coração é um livro intenso que me deixou refletindo pela noite e ainda me faz pensar, ele aborda assuntos fortes e joga os personagens em situações reais que nos deixa com o coração na mão. Há uma intensidade em cada palavra, em cada personagem e no sentido real dessa história.

Você irá rir, sorrir e se emocionar com essa história de amor real que passa por tantas complicações que me fizeram refletir por horas e horas. Há situações engraçadas, personagens sexys, coadjuvantes espetaculares, nada se perde nesse livro tudo é uma parte de uma emocionante jornada pelo relacionamento de família, casal e amigos dos protagonistas Viviane e Rafael.

Uma jornada que me deixou num complexo de emoções que angustiou e aqueceu meu coração.

Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr

Resenha: Sejamos todos feministas

Título: Sejamos todos feministas
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora Companhia das Letras
Páginas: 63
Link TEDxEuston: https://youtu.be/hg3umXU_qWc

Sejamos todos feministas é um pequeno livro de Chimamanda Ngozi Adichie adaptado de uma palestra que ela deu no TEDxEuston. Esta obra é bem curta, e além das poucas páginas, a linguagem da autora é bem didática. 

Você sabe o que é feminismo? Melhor, você entende a importância desse movimento dentro da sociedade que vivemos? Chimamanda pontua os estereótipos que essa palavra carrega e as ideias equivocadas que são propagadas por pessoas leigas. Ela inicia sua narrativa contando sobre a primeira vez que foi chamada de feminista, e o tom da palavra não foi um elogio. 

Mais adiante, no lançamento do seu livro “Hibisco roxo”, um jornalista chegou nela e disse que o livro dela era feminista e que, para o bem dela, nunca deveria se intitular dessa forma, pois “são mulheres infelizes que não conseguem arranjar marido”. 

No livro somos levados ao contexto do continente africano e lá (não muito diferente daqui), o termo “feminismo” tem um peso muito negativo. Na visão estereotipada, feminismo é sinônimo de mulheres infelizes, que odeiam homens, odeiam usar batom, sutiã e acham que o movimento busca uma superioridade feminina. Chimamanda, em tom sarcástico, diz que quando faziam comentários desse tipo para ela, ela decidia que seria uma feminista com pensamento contrário a tudo aquilo que descreviam. 

“Decidi me tornar uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batons, salto alto para si mesma e não para os homens” .

A autora segue pontuando as experiências que a fizeram acreditar ainda mais que fazia parte deste movimento. Ela relata as injustiças que presenciou, no nível em que mulheres, mesmo tirando notas mais altas que homens em uma prova, não conseguiam a vaga que queriam, pois os homens estavam na fila de preferência. Relata como ela era ignorada em lugares como restaurante, pois tinha um homem ao seu lado e ele era atendido, enquanto ela era tratada como invisível. 

Adichie deixa bem claro, feminismo é a busca por igualdade de direitos, não é uma luta para saber quem é melhor. 

“Meninos e meninas são inegavelmente diferentes em termos biológicos, mas a socialização exagera essas diferenças. E isso implica a autorrealização de cada um. O ato de cozinhar, por exemplo. Ainda hoje, as mulheres tendem a fazer mais tarefas de casa do que os homens – elas cozinham e limpam a casa. Mas por que é assim? Será que elas nascem com um gene a mais para cozinhar ou será que, ao longo, elas foram condicionadas a entender que o seu papel é cozinhar?” 

Entendem onde a autora quer chegar? Aqui ela incentiva que nossas crianças sejam educadas para que façam aquilo que desejam fazer, que busque investir em seu talento, deixando de lado a ideia de “oh eu sou homem não posso fazer isso" ou “oh eu sou uma mulher e mulher não faz isso”. Esqueçam o gênero e se baseie no que você, membro da sociedade, pode oferecer para melhorar o convívio social. Sem opressão, apenas faça porque deve fazer. Lave a louça porque não é legal deixá-la suja, seja você homem ou mulher. 

Na teoria tudo é muito legal, mas é necessário colocar em prática a ideia de respeito entre homens e mulheres. É o básico para uma vida saudável. Ser feminista é escolher o seu destino sem prejudicar a vida do outro e sem interferência de ninguém, e mais do que isso, ser feminista é respeitar a escolha do próximo de ser, fazer e estar onde ele quiser. 

“Conheço uma mulher que tem o mesmo diploma e o mesmo emprego que o marido. Quando eles chegam em casa do trabalho, a ela cabe a maior parte das tarefas domésticas, como ocorre em muitos casamentos. Mas o que me surpreende é que sempre que ele troca a fralda do bebê ela fica agradecida. Por que ela não se dá conta de que é normal e natural que ele ajude a cuidar do filho?”

Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos

Okay Kaya e a Intimidade Musical



Kaya Wilkins é uma atriz, modelo e cantora norueguesa. Quando ela está trabalhando com música usa seu nome artístico Okay Kaya. Suas músicas podem ser vistas como uma exploração de si mesma, com letras sarcásticas, gráficas e irônicas em sua própria ironia, Okay Kaya passa por falar de sua saúde mental, trauma, desejos e sua vida sexual.

Talvez você não tenha ouvido falar muito dela, mas já viu seu trabalho como atriz no filme Thelma que já temos resenha aqui no blog (clique aqui). E alguma foto de seu constante trabalho como modelo para Calvin Klein.

Okay Kaya usa sua música como forma de terapia e também como forma honesta de se comunicar com seu público sobre seus sentimentos. Em seu último albúm Watch This Liquid Pour Itself, ela afirma que retirou o nome pelo conceito de Bile em relação a figura história de Hipócrates, "o pai da medicina", que afirmava que um excesso de bile negra no corpo se correlaciona com sentimentos de melancolia. Como os poetas gregos antigos, ela queria prestar homenagem àquele sentimento de bile no corpo com o objetivo de liberá-la de seu sistema.

Uma de suas músicas já tocou no seriado The Vampire Diaries. Em seu episódio Requiem for a Dream (7x21), a música Damn, Gravity.

De músicas que falam sobre o uso do DIU e a paternidade planejada (controle sobre o próprio corpo para as mulheres no caso) até músicas de sanidade mental, Okay Kaya atravessa um limbo de músicas relacionáveis e íntimas sobre si mesma.



Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr

Não fique no tédio

Nesta semana, começamos a receber alertas mais intensos sobre a pandemia causada pelo COVID-19 (coronavírus), incluindo a orientação de ficarmos em casa de quarentena. Muitas pessoas estão fazendo home office para se prevenir e alguns estudantes começaram a receber suas atividades online. Mas não foi apenas isso que mudou em nossa rotina, estamos deixando de frequentar a casa de amigos e de participar de festas, sociais, eventos estão sendo cancelados e os grandes centros estão esvaziando.

SAIBA SOBRE OS CUIDADOS NECESSÁRIOS NESSE MOMENTO: AQUI.

Bom, a gente não passa o dia inteiro trabalhando e nem estudando, estamos economizando tempo em não fazer nossos percursos na rua, logo, em muito dos casos, está sobrando tempo. Não dá para ir ao shopping, nem ir naquele barzinho para tomar uma cerveja com os amigos. Então, o que fazer? 

Antes de dar as dicas, eu gostaria de declarar que minha vida não mudou muito, pois eu já trabalho e estudo em casa. Portanto, ficar em casa durante a semana não é motivo de ócio para mim, mas, no sábado e domingo eu gosto de encontrar meus amigos. O encontro no clube de leitura que participo será realizado por vídeo e eu estou bem tristinha com isso, mas seguimos. 

Livros, filmes e séries é o que estamos tendo de “rolê”, agora é a oportunidade de colocar tudo em dia e de aproveitar as dicas. 

1- Livros: 
Sim, vamos começar por livros, mas não vou especificar nenhum, vou falar sobre a movimentação das editoras nesse período de quarentena. Segundo o site Publishnews, “um grupo de mais de 100 editores se reuniu para lançar a campanha Juntos pelo Livro. O objetivo central é a articulação de ações em defesa às liberdades, contra a censura, mas também debater temas que valorizem a leitura. Com isso, criaram um meme onde se lê: Desculpe, Netflix. Se é para ficar em casa, eu prefiro livros”. São livros com super descontos e até livros grátis, grande oportunidade para pesquisar aquela obra cobiçada. Entre no link e veja a matéria completa: AQUI.

2- Filme: 
Hoje vou indicar um filme original da Netflix que eu achei excelente, principalmente pelo elenco ser quase todo negro e por ter uma história muito bem amarrada e final surpreendente (pelo menos foi para mim): O Limite da Traição. 

“A íntegra e dócil Grace confessa ter assassinado seu marido, mas sua jovem advogada desconfia de algo e parte em busca da verdade. Um filme de Tyler Perry”. 



3- Série: 
Uma indicação especial! Se você ainda não assistiu, por favor, assista The Office (US). Eu prometo que se você entrar na onda da série, cada episódio vai ser um deleite de risos e vergonha alheia (isso não é uma crítica negativa, os personagens realmente fazem você sentir isso). 

“A série retrata o cotidiano divertido dos empregados de um escritório de uma empresa fornecedora de papel, localizada na Pensilvânia”. 


Bruna Domingos
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Resenha: O Jardim das Palavras


Título: O Jardim das Palavras (Volume Único)
História: Makoto Shinkai       Arte: Midori Motobashi
Editora New Pop
Páginas: 200



O Jardim das Palavras (Kotonoha no Niwa) é um mangá baseado em um filme homônimo de Makoto Shinkai. Nessa história acompanhamos a história de um colegial que sonha ser sapateiro, uma mulher misteriosa e seus encontros em dias chuvosos num jardim. Na conexão de ambos surge uma amizade e a partir dali os dois começam a dividir seus sonhos, medos, frustrações, sentimentos e talvez o medo do que o futuro poderia aguardar.

Começamos conhecendo Takao Akizuki que é um colegial comum com o sonho de desenhar, estilizar e fabricar sapatos. Ele aproveita todos os dias chuvosos para "matar" aula e ir ao jardim passar seu tempo desenhando e fabricando sapatos que ele mesmo cria. Takao é um rapaz solitário e está passando por essa solidão desde que sua mãe abandonou a família.

Yukari Akino está com problemas no trabalho. Ela já quase não consegue se levantar da cama, não sente mais prazer em fazer o que estudou para ser e está se sentindo infeliz o que não acostumava acontecer. Então ela resolve beber cerveja e comer chocolate num dia chuvoso em um jardim.



Takao e Yukari acabam se encontrando no mesmo jardim e inicialmente, Takao resolve que não irá incomodar a mulher intrigante bebendo tão cedo. Mas todas as vezes que chove os dois acabam se encontrando e a curiosidade e a solidão acabam por falar mais alto.

Os dois iniciam de forma tímida a conversar e com o tempo Takao percebe que Yukari não está bem. Ela é uma mulher adulta que está em horário de trabalho se alimentando apenas de cerveja e chocolate. Logo, eles começam a se conhecer e trocar suas histórias e Takao se sente mais a vontade em desenhar seus sapatos perto de Yukari até receber o pedido de fazer um sapato para ela.

No meio da história também entendemos o que levou Yukari até ali e temos uma visão de como fofocas e bullying pode ser prejudicial para as pessoas. Não importa a idade.

Temos um leve toque de romance, Takao realmente tem sentimentos pela mulher mais velha, mas não irei entregar se a história avança com isso ou não. Posso dizer que mesmo terminando com o gosto de quero mais, fiquei imensamente satisfeita como as coisas seguiram e com o coração na mão por várias vezes na forma como Makoto seguiu na amizade e na construção dos sentimentos e angústias desses personagens.

Com delicadeza e sensibilidade, O Jardim das Palavras traz uma amizade de duas pessoas diferentes ligadas pelo sentimento de solidão e conforto que encontraram.

Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr

E vamos de playlist


Faz um tempo que não é feito um post sobre playlist aqui no blog, e para não deixar passar resolvi compartilhar as músicas que tenho escutado com mais frequência nesses últimos dias. Vou ignorar completamente a parte em que coloco música de estudo para me concentrar, pois ultimamente é o que mais tenho ouvido. Mas no tempo livre alguns artistas estão, com suas músicas, me dando a paz que preciso pra seguir. 

Meu estilo é um pouco variado, só um pouco mesmo, mas em geral eu ouço rock alternativo, indie e pop, depende do meu humor. Vamos lá, se você conhece algum ou tem sugestão, deixa nos comentários, vou adorar aumentar a playlist.

1 - Simmer, Hayley Williams


2 - Vague Utopia, Tia Gostelow


3 - The Good in Me, Jon Bellion


4 - Church, Samm Henshaw


5 - Brick by boring brick, Paramore


6 - Necessidade, Castello Branco


7 - Sleep, The Brahms


8 - Alive, HAWAI


9 - Scar Tissue, Red Hot Chili Pepers


10 - Kiss me, Sixpence None The Richer


Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos

Resenha: 5 Centímetros por Segundo (Volume 02)


Título: 5 Centímetros por Segundo (Volume 02)
História: Makoto Shinkai    Arte: Yukiko Seike
Editora New Pop
Páginas: 240


Você pode ler a resenha do primeiro volume aqui.

5 Centímetros por Segundo é um mangá baseado em um filme homônimo de Makoto Shinkai. A história acompanha Akari Shinohara e Takaki Toono, desde quando eles se conhecem, sua amizade, o começo de seu amor e a distância. No primeiro volume acompanhamos a jornada de amor e distância de Takaki e Akari.

Nesse segundo volume acompanhamos Takaki e sua jornada pessoal ao crescer apegado ao seu amor da juventude. Da sua adolescência até a vida adulta, Takaki consegue construir vários relacionamentos frustrados e corações partidos.

Até que ele conhece Risa. Ele ainda está hesitante, ainda está fortemente ligado ao amor de infância, mas a conexão com Risa foi a mais segura que ele já teve até agora e Takaki embarca em mais um relacionamento. É possível perceber o quanto ele se esforça para manter um relacionamento bom com Risa, mas ao mesmo tempo mantém algo guardado na qual ela nota e tudo desaba quando Risa acha que eles deveriam se casar.


Enquanto Takaki segura a lembrança e o amor de sua infância fortemente com ele, tendo partido corações e deixado Risa, somos apresentados em apenas uma pequena parte que Akari seguiu em frente, embora guarde com carinho a lembrança do seu primeiro amor. Kanae também tem sua participação no capítulo final. 

O desfecho da história desses personagens tem um tom real para cada escolha que eles fizeram durante suas vidas, tanto Takaki quanto Akari prosseguem convivendo com suas lembranças, escolhas, amor, distância, tempo e o complicado destino que os uniu e os separou.

Nesse volume final, 5 Centímetros por Segundo apresenta seus personagens e o desfecho de um amor fragilizado pela distância e afetado de maneira diferentes por aqueles que viveram.

Vanessa de Oliveira
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Resenha: O teorema de Katherine

Título: O teorema de Katherine
Autor: John Green
Editora Intrínseca
Páginas: 304

O Teorema de Katherine foi o segundo livro que eu li do autor John Green e concluí que fiz essa leitura na época errada, vou explicar o porquê. Prestem bem atenção na sinopse: 

"Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam. 
Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera." 

A escrita de John está, como sempre, excepcional. Ele tem uma linguagem fácil, muito bem pontuada e jovial, quanto a isso nem me atrevo a criticar. Ele sabe escrever para o seu público. Os personagens também foram bem construídos, pois eu senti a vibe deles e isso me fez ter uma relação de amor e ódio com o protagonista. Veja bem, o cara só se interessa por garotas com o nome Katherine, em que universo uma pessoa dessa vive? (no universo do livro, eu sei). 

Colin Singleton acaba de se formar na escola e de brinde ganhou um término da 19ª Katherine de sua vida. Ele está com o coração partido, em prantos quando seu melhor amigo, Hassan, o leva para cair na estrada sem rota definida. Neste tempo, eles fazem uma parada numa pequena cidade, onde começam a fazer amizades e arrumam um trabalho temporário. Enquanto todos esses acontecimentos vão desenrolando, Colin, que sempre foi considerado um menino prodígio em busca por sua genialidade, começa a desenvolver um teorema capaz de prever quem vai terminar dentro de uma relação. Necessário? Não, mas o garoto está em busca pelo seu Nobel e uma descoberta que envolve o cotidiano e vida das pessoas, pode ser um grande passo.

"Filho, se tem uma coisa que eu sei nessa vida, é que algumas pessoas nesse mundo cê só consegue amar e amar e amar, não importa o que aconteça"

O livro demorou um pouco para chegar num momento em que eu pudesse pensar “preciso terminar esse capítulo”. É neste ponto que percebo que este é o tipo de livro que eu deveria ter lido com 14 anos, eu teria mais paciência e talvez até entenderia melhor as atitudes egocêntricas de Colin. Talvez com 14 anos, eu curtiria melhor essa viagem dos dois melhores amigos e tentaria entender meus próprios sentimentos diante do meu convívio social. Tem todo o dilema do personagem querer fazer a diferença e marcar sua geração, ser famoso por descobrir algo nunca pensado. Isso me lembrou “A culpa é das estrelas” e todo aquele receio de Augustus de morrer e ser esquecido. 

Hoje, com 24 anos, essa não é uma preocupação coerente com a minha realidade, afinal, o jovem de hoje só quer deixar os boletos em dia. Piadas a parte, eu comecei a ler O teorema de Kathrine porque estava em busca de uma leitura leve e ele estava há alguns meses na minha estante. O livro é realmente leve e eu esfriei a mente, mas a demora para chegar no auge da história quase me fez desanimar. 

Finalizei o livro e gostei muito do final, não darei spoilers, mas posso dizer que Colin amadurece em certos pontos.

Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos

Thelma (2017)


Título Original: Thelma
Título no Brasil: Thelma
Diretor: Joachim Trier
Roteiro: Eskil Vogt e Joachim Trier
Sinopse: Thelma é uma jovem tímida que acaba de deixar a casa dos pais para estudar em Oslo, onde vive seu primeiro amor. Seu relacionamento é logo afetado pela intromissão opressiva de sua família, que com suas crenças religiosas fundamentalistas conseguem afetar a vida da jovem. Quando Thelma fica chateada, coisas estranhas começam a acontecer e esses fenômenos sobrenaturais só aumentam. Enquanto busca respostas sobre esses poderes que ela não consegue controlar, seus pais severos e religiosos se preparam para o pior.


ALERTA DE SPOILERS!


Há uma forma muito simples de descrever Thelma sem entregar nada e deixá-lo ser pego totalmente de surpresa: Thelma é um thriller sobrenatural coming of age com drama sobre uma garota que ao chegar na faculdade longe de seus pais opressivos começa a descobrir estranhos poderes.

Descrever Thelma em sua profundidade é ir bem além disso. Joachim Trier e Eskil Vogt trouxeram todas as dificuldades da transição entre a adolescência e a vida adulta de uma forma que só poderia ser um thriller sobrenatural, acompanhar a jornada dessa personagem em encontrar sua identidade é chocante e desolador.

Thelma (Eili Harboe) é uma jovem que acabou de ir para universidade em Oslo. Quieta, sem conseguir fazer muitos amigos, ela se sente muito sozinha e não ajuda que seu pai Trond (Henrik Rafaelsen) e a mãe cadeirante, Unni (Ellen Dorrit Petersen) acompanhem toda sua vida por telefone. Eles acompanham seu horário de aula pela internet e ligam constantemente fazendo conversas horas tranquilas, horas agressivas sobre os perigos da faculdade e como isso não pode corromper a filha.

É quando um dia, na biblioteca, Thelma tem o que parece ser um ataque epilético ao mesmo tempo que pássaros começam a se chocar contra as janelas da biblioteca. Ela procura vários médicos para saber a causa de seus ataques.

Thelma então conhece Anja (Kaya Wilkins), uma garota que estava na biblioteca quando aconteceu seu ataque e as duas começam a se aproximar, o que leva Thelma a começar a se apaixonar. Thelma e Anja passam vários momentos do filme juntas se conhecendo, conversando e descobrindo o que as duas tem em comum. Há alivio em todas as cenas por parte de Thelma e é visível em seu rosto e comportamento como ela parece estar em paz.

Com a vida universitária de festas, bebidas e a educação religiosa de Thelma juntamente com seus sentimentos conflitantes por Anja, ela começa a se sentir dividida entre a pessoa que ela está se tornando e a criação de seus pais.

O conflito interno de Thelma é a parte que mais ressoa no filme. Tudo que se passa pelo seus poderes, pelas cenas chocantes, aos seus medos, alegrias, são parte de seu conflito. Inclusive em um diálogo extremamente triste de se assistir vemos Thelma em lágrimas dizendo que não suporta mais expressando raiva somente com a frase: "Por que eu não posso apenas ser eu mesma?"

As investigações das convulsões e seus sentimentos em conflitos finalmente explodem para a descoberta que ela tem poderes telecinéticos e outras habilidades (despertados em momentos de tensão ou quando ela fica muito nervosa) que a tornam muito poderosa.

Ou muito perigosa.

Tudo depende da sua visão da personagem.

De qualquer forma, é mais doloroso assistir cenas que Thelma tenta se encaixar na vida universitária do que qualquer outra cena chocante. Seu isolamento por conta de seus poderes e falta de compreensão de si mesma também parte o coração.

O pai e a mãe de Thelma são o confronto direto de suas crenças e valores com ela. Os dois não estão preparados para vê-la se tornar uma mulher que controla seus poderes e particularmente por nunca entender ou tentar compreender a filha eles acharam melhor suprimir o que havia dentro dela com a religião.

Quanto mais fundo Thelma aprende sobre seus poderes, mas ela descobre as consequências e as escolhas difíceis que ela tem que fazer. Essas escolhas não afetam só a ela, mas a todos que estão a sua volta.

Sendo o quarto filme de Joachim Trier e indicado pela Noruega na corrida do Oscar em 2018, Thelma é um filme que vai muito além do que seu gênero e entrega um filme as vezes chocante, as vezes melancólico, mas em geral, um filme intimo e fantástico sobre pertencimento e encontrar a si mesmo.

O filme está disponível na netflix.

Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr