Resenha: Persépolis

A chamada Revolução Islâmica, em 1979, obrigou todas as mulheres a usarem véu e abrirem mão de muitas vaidades. Não bastando, as escolas tiveram que separar os meninos das meninas e parar de ensinar línguas estrangeiras, pois eram "símbolo do capitalismo". Marjane Satrapi tinha apenas 10 anos quando tudo isso aconteceu.

Título: Persépolis
Autora: Marjane Satrapi
Editora Companhia das Letras
Páginas: 352

Persépolis é uma HQ autobiográfica que clarifica o crescimento de Marjane (infância, adolescência e juventude) durante as trevas do regime Xiita. Apesar da sua família ser moderna e politizada, ela não ficou imune da opressão cometida ao povo iraniano. 

Qualquer pessoa que infligisse uma única regra estava propenso a sofrer consequências: prisões, tortura ou assassinato. Foi assim que a quadrinista perdeu familiares e pessoas que admirava pela coragem. Humor e emoção se misturam durante a narrativa. Muito longe de ser maçante, os desenhos em preto e branco deram um ótimo conceito ao livro e a leitura foi fluída.


Nesta HQ, podemos refletir sobre como o autoritarismo pode machucar uma nação, em todos os sentidos. Marjane não podia mostrar os seus cabelos, não podia se maquiar ou fazer suas unhas. O machismo que objetifica a mulher e a diminui como propriedade é revoltante. Há um momento na história que nossa personagem questiona o direcionamento das coisas na universidade, isso quase custou sua oportunidade estudar. 

As crenças de Marjane são colocadas a prova o tempo todo, mesmo com a opressão, ela teve a oportunidade de se conhecer como mulher e como pessoa. As experiências que ela teve fora do seu país, a fizeram sentir vergonha e orgulho de sua origem.


Persépolis é uma HQ para estudo e conhecimento. É possível entender de forma muito clara como foram aqueles tempos para o antigo povo Persa. Gostaria de ter tido essa experiência de leitura quando estava na escola, tenho certeza que a minha mente desmancharia muitos estereótipos formados involuntariamente em mim. A história de Marjane Satrapi deve ser conhecimento de todos.

Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos