Resenha: O Sonho de Eva


 Título: O Sonho de Eva
Autor: Chico Anes
Editora Novo Conceito
Páginas: 304


O Sonho de Eva é uma história interessante de suspense que faz uma grande critica ao livre-arbítrio e como a tecnologia tem deixado as pessoas cada vez mais vulneráveis. Eu li esse livro há uns bons anos quando lançou e meu amor por ele continua intacto.

Trata-se da história da Dra. Eva Abelar, uma autoridade mundial em sonhos lúcidos que vê sua vida desmoronar no mesmo dia em que seu filho desaparece e sua irmã se suicida. A partir desse ponto, o enredo segue uma linha entre suspense e drama. Uma forma muito interessante de evoluir a leitura e garantir a diversão sem as longas descrições e mensagens costumeiras que se passam em livros desse estilo.

A narrativa feita por Chico Anes é o que mais chama a atenção. Intercalando pontos de vistas diferentes e narradores de vozes diferentes, o autor nos apresenta dois mundos: os dos sonhos e o real. O desencadeamento das cenas feito pelo autor é outro ponto a se destacar, tendo em vista que ele se utilizou de técnicas de suspense, mudando o narrador perto de desvendar o segredo, desencadeando assim a vontade do leitor de continuar a história.

Os personagens são mais um ponto positivo para a história. Explorando seus sentimentos sem converter em um romance romântico, Chico Anes transformou seus personagens em pessoas reais. As angústias e as questões que envolvem os personagens principais se tornam as mesmas dúvidas dos leitores, desencadeando uma afeição aos personagens.

O livro apresenta fortes mensagens subliminares sobre tecnologia e o livre-arbítrio, mas nada que atrapalhe a leitura do livro. Essas mensagens são passadas de forma tão comum pela história que não faz com que a leitura se torne forçada, nem apresente questões que ficam persistindo atrapalhando o leitor.

"O Sonho de Eva" é um ótimo livro que têm ótimas referências a trabalha uma narrativa que evolui muito rápido desencadeando suspense, drama e romance aos leitores. Leitura altamente recomendada, principalmente porque é um livro que garante boa diversão e uma ótima narrativa.




Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr

A Vida Depois: do trauma

 

 Título Original: The Fallout
Título no Brasil: A Vida Depois
Diretora: Megan Park
Roteiro: Megan Park



The Fallout (A Queda em tradução livre) chegou ao Brasil com o título A Vida Depois e por várias vezes reclamei de algumas traduções que não fazem sentido, mas o nome não poderia ser mais apropriado para esse filme sensível e delicado sobre o trauma.

Quando o filme chegou na HBO Max, apenas li a sinopse que não revela muita coisa e fui assistir. Cheguei sem saber o que poderia acontecer e tomei um choque após apenas alguns minutos. Mesmo com o choque fiquei intrigada com qual proposta o filme estava querendo passar.

Vada e Nick são melhores amigos e os momentos iniciais são apenas dois amigos tendo uma parceria normal, mas quando Vada (Jenna Ortega) recebe uma ligação da sua irmã ela acaba indo ao banheiro e lá encontra Mia (Maddie Ziegler). Tudo parece normal até um tiroteio começar e as duas precisarem se esconder do atirador ali dentro do banheiro.

The Fallout opta por mostrar as duas jovens e Quinton (Niles Fitch) que chega depois e como eles passam por essa situação sem mostrar em nenhum momento o tiroteio. Acompanhamos apenas o medo desses jovens e o barulho da confusão.

Não mostrando a violência, o filme foca em como o tiroteio afeta esses jovens de formas diferentes e muitos diálogos por mais simples que sejam são de partir o coração.

Jenna Ortega carrega o filme ao passar com honestidade os sentimentos conflituosos que a dor causou. Seja com expressões faciais ou suas cenas com Maddie Ziegler que esbanjou talento, Ortega se mostrou uma atriz fenomenal para ficar de olho.



Assim acompanhamos Vada formar uma intensa e confusa conexão com os dois, enquanto o trauma faz com que ela se torne cada vez mais distantes dos seus pais e de sua irmã Amelia (Lumi Pollack).

O filme apresenta a forma diferente como esses jovens lidam com o trauma, enquanto Vada se afunda em dor e fica cada vez mais distante da sua família, seu melhor amigo Nick, canaliza toda sua dor em ativismo e não consegue compreender porque sua antiga melhor amiga apenas não quer o mesmo. Já Mia muito conhecida no instagram por dançar – a coisa que ela mais ama – não consegue mais dançar desde o acontecido.

Quinton que perdeu o irmão no tiroteio mostra uma mudança no comportamento como se amadurecesse anos e Mia, dançarina e famosa no instagram se mostra diferente do que Vada acreditava. Inteligente e gentil, Mia é mais solitária que deixa transparecer e as cenas usadas para mostrar isso são dolorosas ao mesmo tempo que bem feitas.

Entre sessões de terapia e sua conexão mais forte com Mia e Quinton, Vada trilha sua jornada para voltar a se abrir com sua família e retornar ao menos um pouco da sua antiga vida.

Com algumas cenas engraçadas e entrelaçado em delicadeza, A Vida Depois se propõe a trabalhar o que acontece após o trauma e como um acontecimento pode afetar o resto da vida.



Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr

Resenha: Avatar - A Lenda de Aang - A Promessa

 

Título: Avatar - A Lenda de Aang: A Promessa
Roteiro: Gene Luen Yang, Bryan Konietzko e Michael Dante DiMartino
Ilustrações: Gurihiru
Editora Intrínseca
Páginas: 232


Se você não terminou de assistir A Lenda de Aang essa história contém spoilers!

Eu já escrevi várias vezes aqui no blog sobre Avatra tanto A Lenda de Aang quanto A Lenda de Korra e esses dois universos continuaram suas aventuras em forma de histórias em quadrinhos. Comprei várias edições em inglês e sempre torci para que um dia chegasse ao Brasil e esse dia finalmente está aqui.

A editora Intrínseca trouxe a hq A Promessa reunindo os três volumes que contam o que acontece logo depois do final de A Lenda de Aang.

Com Zuko tomando seu lugar como o Senhor do Fogo, ele e Aang se juntam ao Rei da Terra para fazer o Movimento para Restauração da Harmonia. A ideia principal é retornar as terras que o Ozai tomou para o reino da terra e assim manter as quatro nações separadas e em equilíbrio como era antes.

Zuko com medo pede uma promessa a Aang. 

As coisas começam a se complicar quando a autoridade de Zuko e as semelhanças com seu pai começam a ser questionadas e o povo que vive em Yu Dao no Reino da Terra se recusa a obedecer o Movimento. 

Quando Zuko retira oficialmente seu apoio ao movimento, ele e Aang entram em lados opostos novamente que podem começar uma nova guerra.





Essa história também mostra um pouco de como as coisas começaram para o mundo que conhecemos em A Lenda de Korra. 

A Toph iniciou sua escola de Dobradores de Metal, Aang e Katara engataram seu relacionamento e Zuko ainda está a procura de sua mãe.

Não consegui ler sem escutar as vozes dos dubladores na minha cabeça e foi muito divertido rever esses personagens que mesmo em quadrinhos não perderam seu humor, o teor político, evolução, bondade e aprendizado que o Aang sempre traz no coração de suas aventuras.

A editora Intrínseca não só acertou em trazer essa edição para o Brasil como caprichou muito e alegrou todos os fãs que agora ficam na expectativa para os próximos.




Vanessa de Oliveira
Instagram: @nessagsr

Adeus, 2021!


2021 foi um ano intenso, fui de 0 a 100 em poucos meses e isso me fez amadurecer bastante. Neste ano, eu mudei de cidade, comecei a viver uma vida independente e cresci intelectualmente dentro do meu trabalho. Além de firmar novas amizades e conhecer pessoas incríveis.

Mas nessa história não foi só ganho e apesar da flexibilidade que estamos tendo nesses últimos meses, a pandemia ainda não acabou, ainda há pessoas morrendo por Covid-19 e suas variantes. Por isso, é tão importante continuarmos a campanha a favor da vacina e o uso de máscaras.

Ainda está sendo difícil em vários sentidos, mas tenho esperança de que 2022 melhore um pouco mais. Não quero criar grandes planos ou colocar expectativas no que está por vir, mas pretendo viver um dia de cada vez, com terapia em dia e tentando praticar atividades que me tiram da rotina.

Esse é só um textinho curto para dizer que ainda estamos aqui e continuaremos fazendo aquilo que mais gostamos: ler, ouvir música, assistir muitos filmes, séries e compartilhar nossas impressões a quem interessar.

Espero que tenham um ótimo final de ano e que permaneçam acreditando no melhor das coisas.

Feliz vida!

Um passeio por Moçambique através de "Khanimambo", novo single de Tropicadelia


Foto: Flávia Baxhix
Foto: Flávia Baxhix/Divulgação

O continente africano é gigantesco, e eu não falo só de tamanho territorial, é gigantesco de cultura, diversidade e riqueza. Mas, nem sempre são as coisas boas a serem expostas pela mídia de massa, é graças a arte que nós podemos expandir nosso imaginário sobre os países africanos. E quando digo nós, digo pessoas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer esse imenso lugar pessoalmente.

O Renan Augusto Dias, baterista da Tropicadelia, teve o privilégio de morar por um ano em Moçambique e transformou sua experiência em arte. No dia 10 de setembro, a banda lançou o single “Khanimambo”, que significa “obrigado” em changana/xangana, um dos principais dialetos falados em Moçambique. 

“Khanimambo é um resgate das memórias de um brasileiro em território moçambicano, utilizando palavras e expressões conhecidas por lá. Entre provas de amor e dialetos, a letra conta um pouco sobre como ver o cotidiano do país olhando de dentro, mas com um olhar de quem é de fora”, afirma Renan.

A composição foi lançada pela primeira vez no projeto Collaborata, que reuniu diversos artistas de Araçatuba (SP). Essa nova versão foi remasterizada pelo produtor Alexandre Soares, idealizador do Selo Curva.

Foto: André Pinheiro/Divulgação
Capa do single é foto de André Pinheiro (@sumode)
Junto com o single, a banda também lançou um clipe com imagens captadas e dirigidas pela artista multimídia Flávia Baxhix, intercalando com os registros feitos pelo próprio Renan enquanto morava em Moçambique. Aqui é interessante destacar a conexão que fizeram com o país através das máscaras Maconde e do cenário rústico, nos remetendo a um bairro rural.

A letra de Khanimambo é uma riqueza de informações, isso para mim é muito importante quando se conta uma história. Saber transmitir sentimentos, cenários e clima através das palavras é o que tem de mais genuíno entre os artistas. E as composições da Tropicadelia vem  mostrando isso desde o seu primeiro EP “Não Acabou”.

Quanto a melodia, eu nem preciso comentar sobre a vontade que dá de dançar enquanto experimenta um frango no leite, né? Sim, fiquei curiosa para provar as iguarias de Moçambique.

“Khanimambo faz o corpo se mexer em uma dança de agradecimento ao convívio e ao compartilhamento, e ainda que você seja retraído, vai se surpreender com a enorme vontade de bater o ritmo na palma das mãos e entrar no clima da canção”, comenta Flávia Baxhix.

Khanimambo é uma música cheia de energia e gingado, se a intenção da mensagem era passar a essência de Moçambique somada a nostalgia de lembrar como é estar lá, parabéns, Tropicadelia, vocês conseguiram.

A música está disponível em TODAS as plataformas de streaming, só escolher a sua favorita e dar play. 
Assista o clipe:



Sobre a Tropicadelia (@tropicadelia)

A Tropicadelia começou no final de 2016 em Araçatuba/SP com Fernando Kid (vocal/guitarra), Eduardo Martinez (baixo/voz) e Renan Augusto Dias (bateria/voz). Com o propósito de trazer para um formato power trio de rock a tropicália e a psicodelia (como o nome sugere) a banda lançou seu primeiro EP, “Não Acabou”, em 2020.

Sobre Flávia Baxhix (@flaviabaxhix)

Flávia Baxhix é artista multimídia, fotógrafa de espetáculo, arte educadora do programa Pontos MIS-SP, articulista para o caderno de cultura do jornal Hoje Mais. Formação pelo Senac-SP e Spéos Photographic Institute Paris. Participou de exposições coletivas em SP, RJ, AL e França.

Bruna Domingos
Instagram: @brunadominngos